DIRETO DA PRAÇA

Recolha-se à sua insignificância

Por Paulo Pires

Por repetidas vezes tenho dito que não suporto injustiças. Minha implicância com a Direita brasileira, dentre outros aspectos, se dá pela rejeição que tenho aos seus métodos e visão de mundo. Detesto injustiça e acho que a famosa regra de ouro é fundamental para que haja entendimento entre os homens. A regra diz que não devemos querer para o outro aquilo que não queremos para nós. Não é boa essa regra? Eu a considero moral. Isso sim é moral. Não devemos ambicionar para o próximo aquilo que não desejamos que nos aconteça.

Essa pequena introdução pretende fazer uma rápida investida nos últimos acontecimentos e uma breve análise da arrogância geopolítica americana em relação ao restante do Planeta. No caso, não é só a política que será abordada, mas a própria posição da imprensa americana que se arroga ao direito de dar pitacos e sentenciar para o resto do mundo quem está errado, quem merece castigo e quais são os países que fazem parte do eixo do mal.

O The New York Times de hoje, 23/11/2009, em uma matéria com colorações tipicamente imperialista – como é do seu costume – diz que ao receber o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad o Brasil está passando da conta e sua [nossa] desenfreada ambição de nos tornarmos uma potência mundial está nos levando a exorbitar de nossas atribuições e competências.

O que o famoso jornal disse, em outras palavras, é que devemos nos recolher a nossa insignificância. Isso mesmo. Onde é que já se viu um “país nanico” como o nosso querer protagonizar um papel que só compete aos Americanos? Será que o Brasil não se enxerga? Ou será que está querendo se fazer de besta?

Não, não pode ser assim. O Brasil tem de ficar na sua, sempre submisso aos ditames dos Estados Unidos e estamos conversados. Devemos ficar atentos ao que dizem os filhos de Tio Sam. Estes sim, é que devem mandar no mundo. Quem se insurgir contra as regras americanas será automaticamente incluído no Índex (o livro que os yanques criaram para apontar quem presta e quem não presta no mundo).

Entendemos que o The New York Times defender a ideologia imperialista americana faz parte do jogo. O jornal de Nova Iorque tem mais é que defender suas bandeiras. Mas o que impressiona são os políticos Pés de Chinelo que temos por aqui. Com as caras mais lavadas do mundo, apareceram nas televisões defendendo a reprimenda [o sabão] que o jornal americano nos passou em relação à visita do presidente iraniano. Dá prá entender uma coisa dessas? Quer dizer que se amanhã um governante da Conchinchina quiser negociar e conhecer o Brasil, nosso País terá obrigatoriamente que fazer uma consulta a Washington. É certo isso?

Cadê nossa soberania? Ah, mas o The New York Times falou que nós estamos pisando na bola; Estamos exorbitando em nossas relações internacionais. Devagar com o andor. Esse negócio de receber ditador iraniano não é bom. Estamos jogando fora nossas possibilidades de ter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. O Brasil está maluco?

Nossas emissoras de televisão – em uma inacreditável posição de subserviência informacional – abriram seus noticiários reclamando contra a recepção ao presidente iraniano. O homem é um demônio. É o capeta travestido de gente. Teria o Brasil o dever de ditar normas aos iranianos? E a soberania dos Povos?

A maior bronca dos jornais e paises ocidentais em relação ao senhor Ahmadinejad é porque o seu país está desenvolvendo um programa de energia nuclear que inclui até bomba atômica. Os Estados Unidos estão furiosos com os aiatolás. Há um paradoxo nisso aí: A América fêz sua bomba e a soltou sobre o Japão há sessenta e cinco anos. Eles podem tudo, os demais países não! Mas, como dizia Henfil: Deu no New York Times então é uma sentença, coisa divina. Eles acreditam e propalam para o resto do mundo que o senhor Ahmadinejad é um grande mal para a humanidade e meia dúzia de abestolados desinformados acreditam. Eles pensam que somos iguais a dona Honorina. Esta senhora foi a primeira brasileira que comeu o H. Escrevia, sem saber, o seu nome sem essa letra. Depois é que lhe informaram que o seu hotel e o seu nome tinham H. Ela não sabia...

A ausência e o pouco caso dos Estados Unidos em relação aos Tratados de Kyoto e Copenhague “tem” e “devem” que ser consideradas como atitudes absolutamente normais. A América pode emporcalhar o mundo do jeito que quiser. O New York Times nunca menciona os males que essas atitudes fazem ao Planeta. Nossa mídia e nossos políticos pés de chinelo aceitam que devemos elaborar nossa agenda, conforme determinado pelo New York Times. Quer saber? Só Deus para tomar conta do nosso País, da nossa mídia e dos nossos políticos subservientes.
Amigos
Esta é pra chatear Miriam Leitão, Alexandre Garcia e Renato Machado (porta vozes de nossa burguesia e defensores do infiinito colonialismo norte-americano na América Latina).
Quem aguenta tanta pilantragem?
Saudações
Paulo Pires

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